sexta-feira, 15 de outubro de 2010

1ª Viagem à Dinamarca: it was just a dream


Já há muito que voltei da Dinamarca há muito tempo mas tinha de escrever o próximo post sobre os 10 dias que lá passei.
A verdade é que afinal eu tinha uma ideia muito diferente do que aquele país poderia ser, as expectativas eram muito altas e saí um pouco desiludida. Houve coisas que gostei e outras não, coisas que me surpreenderam quer pela positiva quer pela negativa...mas de modo simples e conciso posso dizer que a Dinamarca não é o país de sonho que idealizei.

Pontos Positivos:
1) As pessoas são do mais simples que vi em termos de modo de vida, vestem-se com o que é mais práctico, não são de modas e apesar de terem bons ordenados não sentem a necessidade de mostrar as suas posses em vez de carros andam de bicicleta (os portugueses por outro lado gostam de mostrar o que têm e não têm e muitos apesar de não terem uma casa muito boa fazem por ter um carro topo de gama que muitas vezes nem conseguem pagar e acaba por ser penhorado).Os carros que vi na rua nem eram topo de gama como audis ou mercedes.
2) Há uma forte consciência ecológica uma vez que imensa gente anda de bicicleta e transportes públicos mesmo quando chove imenso andam sempre de bicicleta. Não metem sequer cadeados nas bicicletas o que mostra que ninguém rouba nada a ninguém. Em Portugal esse cenário é inexistente pois ninguém anda de bicicleta na rua (até porque nas cidades nem foram feitas ciclovias com esse intuito. Em Portugal andar de bicicleta é uam actividade recreativa ou desportiva e não um modo de locomoção).
3) A 1ª vez que saí à noite sozinha foi em Copenhaga e não houve lugar onde me sentisse mais segura à noite  apesar de haver pouquíssima gente na rua.
4) As ruas estão sempre muito limpas.
5) Tinham museus interessantíssimos e de renome internacional como o Museu Nacional com obras primas tais como o artefacto viking charriot of sun e Det Carlsberg Glyptotek com obras de Degas e Van Gogh. Os palácios também eram muito interessantes.
6) Era tudo muito verde talvez devido também ao clima chuvoso.
7) Eu adoro aquele tempo: bastante chuva e vento e algum frio também. Os dias de sol tendem a pôr-me deprimida e não suporto o calor de modo que prefiro bem mais aquele clima.
8) Os subúrbios são bastante acolhedorese com condições: os prédios são todos bem conservados, os prédios são pouco altos (não vi nem um arranha céus) e a maior parte das pessoas vive em pequenas moradias com pequenos quintais, as casas típicas também são habitadas ao contrário de em Portugal que ou quase não existem ou são só para fins turísticos ou servem de escritórios e armazéns como a baixa lisboeta. Através das casas que vi ficou evidente que o nível de vida é muito igual entre os dinamarqueses o que denota justiça social.
9) Vi bastantes eólicas especialmente offshore.
10) Os dinamarqueses são pessoas bastante activas vi muita gente a andar a pé, de bicicleta e fazer jogging.

Pontos Negativos:
1) Há poucos turistas o que se tornou claramente evidente a partir do momento em que o planetário Tycho Brahe nem tinha legendas em inglês e não o pude visitar. Muitas vezes senti-me a única turista lá o que me desconfortou até pelos olhares.
2) A vida nocturna é aborrecida ou praticamenet inexistente. Os bares fecham muito cedo (regra geral às 10 da noite mas os mais resistentes fecham só por volta das duas da manhã), há poucas discotecas e a haver são ferquentadas por pessoas mais velhas. Há heterogeneidade de presenças em pares estando repletos tanto de mais velhos como de mais novos, sendo um ambiente demasiado estranho. As pessoas nos bares mal falam umas com as outras, timidamente cantam as músicas nos pubs, notei pouquíssima gente a divertir-se. Para além disso as bebidas são caríssimas e o karaoke praticamente é só com músicas de há 20 ou15 anos atrás. Vi pouquíssima gente nos bares e nas ruas principais de noite apesar de estarmos a meio de Agosto e ainda ser verão lá todos os dias da semana (mesmo sexta e sábado).
3)A maior parte das pessoas são o típico viking das lendas escandinavas na medida que são do mais impessoal possível, dão a menor confiança possível, são de poucas falas às vezes um pouco brutas e não escondem alguma hostilidade, desconfiança, desagrado, espanto ou frieza perante estranhos. Não são um povo muito anfitrião, e tal como nos outros países escandinavos isso reflecte-se na imigração. Os países escandinavos têm poucos imigrantes.
4) Há pouca convivência pelo menos em público ( a maior parte dos dinamarqueses faz festas privadas em casas de amigos): os cafés e restaurantes estavam sempre muito vazios e as pessoas não falavam muito umas com as outras, e a falar faziam-no muito muito baixinho.
5) A maior parte das pesssoas não gosta de falar com turistas porque são estranhos e causa-lhes algum desconforto serem abordados na rua mesmo para pedir informações em inglês.
6) Não posso dizer que achei que fossem um país de pessoas simpáticas ou antipáticas mas sim apáticas com poucas emoções quer positivas quer negativas. Não me lembro de ouvir alguém rir alto, pouca gente sorria, quase não se ouvia as pessoas a falar pois falavam muito baixinho...nos comboios até havia tabletas a dizer para não se falar ao telemóvel para não perturbar os passageiros e uma dinamarquesa chegou a levantar-se chateada por eu estar a falar em português com um nível sonoro diferente do que quando se está numa biblioteca. Para além disso pouca gente respondia a saudações de bons dias ou agradecia aquando de um pagamento muito menos nos olhavam nos olhos.
7)Também havia miséria com pessoas a dormirem na rua: novos e velhos ao frio e à chuva e à noite demandando atenção ou compaixão mas apenas recebendo desprezo.
8) A comida típica é bastante má uma vez que abusam da carne por isso nem pude provar. Não têm acompanhamentos como arroz e batatas fritas ou cozidas baseia-se tudo na dita da proteína. Aliás os pratos típicos era peixe com carne e marisco e banha mais uns molhos estranhos...irrc.
9) Era tudo super, hiper, mega caro.
10) Achei Lisboa mais bonita que Copenhaga.
11) Achei que viver ali deveria ser muito chato e em 10 dias cheguei a aborrecer-me de estar lá e tive saudades de Portugal.
12) Apesar da justiça social evidente entre os dinamarqueses eles idolatram uma família real que vive rodeada de luxos à custa dos contribuintes do estado dinamarquês. Para mim é inconcebível uma sociedade dita mais evoluída que as outras manter uma família real que mesmo sem poder político esbanja o dinheiro do povo em futilidades e luxos escandalosos.
13) Os dinamarqueses foram apontados como o povo mais feliz do mundo num estudo de há anos atrás mas essa felicidade a existir era bastante reprimida e escondida...para mim não foi visível.

Concluindo: estou muito feliz de ter realizado este meu sonho de ter ido à Dinamarca, sempre disse que não sairia de Portugal para visitar outro local sem ser 1º a Dinamarca...agora que já aconteceu estou livre para ver outros locais. E para o bem ou para o mal tirei esta obcessão da minha cabeça uma vez que era apenas um sonho. Não foi uma total desilusão mas esperava mais daquele local, um conto de fadas quando no fundo era apenas um local sombrio sem muita vida nem graça.
Estive nas nuvens o sonho levou-me lá mas o sonho desvaneceu-se quando as nuvens do céu português se desvaneciam em pó e o avião aterrava em Portugal e foi aí que me senti finalmente...em casa.
It was just a dream...

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