Hoje é o dia em que decidi revelar a minha identidade ao Mundo neste blogue, já há algum tempo que não escrevia no blogue e recomecei a fazê-lo pelo mais triste dos motivos.O meu aniversário foi há 3 dias atrás e foi o pior aniversário de sempre...porque foi o primeiro aniversário em que a pessoa que me deu a vida não esteve presente...
Revelo-me ao Mundo não porque quero que saibam quem eu sou, até agora, nunca quis, mas porque quero que o Mundo saiba quem tú és mãe, e porque quero dar um rosto a estas palavras de sofrimento profundo, um sofrimento que apenas palavras não expressam, uma cara pelo LUTO que é existir sem o maior amor da minha vida.
Assim revelo-me ao mundo com duas selfies contigo mãe Maria Manuela Nunes que distam de exactamente um ano...o último aniversário contigo e o primeiro sem ti...no meu dia de anos só me levantei da cama para este momento...ir ver-te mesmo que enterrada por terra e rodeada de flores apodrecidas e frescas com vizinhos antigos e novos que não páram de chegar e novas covas cavadas e abertas à espera de depositar o próximo corpo. Estás a uns 2 metros abaixo de mim na foto da direita com a boca e os olhos colados de cola, mas imagino que ainda assim...linda...enquanto que na foto da esquerda estás ao pé de mim sorridente com esses olhos cinza cheios de vida, amor e alegria. E e eu, na foto da esquerda era uma pessoa feliz e bem disposta...e na da direita perdi toda a alegria de viver...
Só me apetece pegar na pá cavar toda a terra, abrir o teu caixão e abraçar-te...outra vez...uma última vez...é como se sentisse que me esqueci de ti nesse lugar horrível e que te tenho de trazer de novo para casa para o pé de mim...imagino como está o teu corpo agora debaixo de toda essa terra, e quando chove penso que estás desabrigada, imagino essa água toda a infiltrar-se no teu caixão e asfixiar-te...detesto ir a esse jardim triste, detesto não ir...
Devo dizer...viver sem ti é horrível...é a maior dor de todas que sinto...e só pára quando por fim adormeço...e sonho contigo...Hoje por exemplo, acordei e não me lembrei se sonhei contigo, comecei a chorar aos prantos por ter acordado para esta triste realidade sem ti...tomei outro medicamento para dormir e pedi-te, visita-me nos sonhos, preciso desse abraço...e tú deste-me...e eu consegui seguir mais um dia sem ti.
O ano passado fomos almoçar fora e passear, eu, tu e o pai, vivos e felizes e agora? Como vai ser? Os nossos passeios de fim de semana vai ser sempre eu a visitar-te ao cemitério em vez de irmos a restaurantes, praias e passeios? Como serão os fins de semana de surf sem ti à minha espera a ver o mar? E agora as viagens que ficámos por fazer?
E agora a única coisa que te posso dar são lágrimas, flores e orações?E agora só sou eu a falar para o vazio? E agora por mais que alguém me abrace sinto-me desamparada e sozinha...ninguém és tú...ninguém é como tú...e agora o tempo parou...e agora vivo de memórias...e morrerei de saudade