terça-feira, 10 de maio de 2011
Deterioração da Economia Portuguesa
Vi na televisão no dia 8 de Maio de 2011 na TVI uma reportagem sobre o estado da balança comercial portuguesa nomeadamente na agricultura e fiquei a saber que a União Europeia paga aos nosso agricultores para não produzirem e claro que isso resultou numa desertificação do interior do país que vivia da agricultura (nomeadamente no Alentejo) daí o êxodo rural e o desemprego nessa área. Mas não se produz em portugal por não termos condições para tal porque as temos (os nossos agricultores não têm é apoio do Estado para vender os produtos de modo a ser rentável)...então porque é que não se produz?A resposta passa pela competividade dos mercados, os produtos estrangeiros (especialmente de economias emergentes) são mais baratos e quanto aos do resto da UE têm apoio estatal de modo geral, e o consumidor prefere os produtos mais baratos e torna-se então ainda mais difícil competir. Hoje em dia também a maior parte das pessoas faz compras em grendes superfícies comerciais lideradas por grandes monopólios, grandes criadores de riqueza e emprego a nível nacional e distribuidores de muitos preciosos ordenados mínimos. E as pessoas vão aos hiper-mercados em detrimento dos mini-mercados e das feiras até porque lá há promoções e ofertas fantásticas e preços mais baixos e é por isso que muitos produtos à venda não são nacionais. Deste modo capitaliza-se quase toda a actividade comercial nesses centros monipolizados que maior rendimento continuam a gerar e não podem encerrar aos Domingos nem feriados, mesmo que um deles seja o 1º de Maio.
Então e porque é que a UE paga aos nossos agricultores para não produzirem? a essa pergunta não encontro uma resposta concreta senão talvez a própria conveniência europeia. Claro que senão produzimos (quase) nada aqui temos de ir comprar a algum lado...ora importando mais e exportando menos (porque nem sequer produzimos para nós mesmos) origina-se um défice orçamental e uma dívida externa...e agora anda tudo muito admirado com esta situação calamitosa a que chegámos!
Fiquei também a saber que na altura do Estado Novo éramos um país auto-suficiente que consumia o que produzia e hoje importamos em massa (a título de exemplo importamos 50% de maçãs e produzimos apenas 11% do trigo!!!).
A verdade é que o nosso país está em plena capacidade produtiva porém desaproveitada.
Já para não falar das pescas em que se dá prioridade aos espanhóis para pesacrem na nossa costa em detrimento dos pescadores portugueses...ainda para mais se forem pescadores em pequenos botes ao contrário da autorização cedida mais uma vez aos grandes navios pesqueiros que pegam o que está no mar por arrasto.
Acrescentando a tudo isto o facto de não termos moeda própria de modo a podermos baixar a nossa taxa de câmbio por forma a baixarmos o preço dos nossos produtos exportando mais (porque temos moeda única: o Euro) verifica-se que o que sucedeu foi que compramos tudo ao estrangeiro onde em certos países (tipo Alemanha, França) tudo é mais caro que aqui e nós temos de pagar o mesmo preço pelos produtos mais os custos de transporte (e o petróleo está bem caro!!!), taxas alfandegárias,etc, etc. Fora o facto de na maior parte dos países aderentes do euro o ordenado mínimo poder ser 2 a 3 vezes superior ao nosso (em Portugal nem chega aos 500 euros), os resultados estão á vista: um aumento brutal do custo dos produtos consumidos, mas os ordenados mantiveram-se (ou até desceram com os sucessivos cortes salariais), a título de brincadeira poder-se-ia até dizer que aqui as coisas podem ser tão caras como em Paris mas vive-se como no Burkina Faso. Agora vê-se mais que nunca: precariedade, miséria, desiguladades sociais, fome, desemprego, endividamento...insustentabilidade!
E já para não falar do código de barras 560 (made in Portugal) que nem sempre nos beneficia directamente visto algumas empresas aqui situadas pertencerem a multinacionais que importam os produtos ao exterior beneficiando (outra vez) o estrangeiro.
Qual a solução? dar real prioridade ao que é nosso porque temos capacidade de ser auto-suficientes (em termos alimentares especialmente) e reduzir a nossa dependência energética do exterior apostando nas energias renováveis (e em Portugal temos imensos recursos nomeadamente a energia solar que está longe de ser aproveitada).
Vejamos que até em termos ambientais só há vantagens em consumir o que é nacional!
Que sentido faz ir buscar maçãs à Argentina ou ao Chile?não temos terrenos férteis aqui? temos imensos e muitas variedades de frutos devido ao nosso clima fantástico! Pensemos na descomunal quantidade de petróleo que se gasta para fazer uma travessia Atlântica quando podíamos ir ao nosso quintal ou a uma quinta a poucos kms da nossa casa?
E quem fala de fruta fala de todos os géneros alimentares.
Proponho então que nós enquanto cidadãos (pois não podemos estar à espera que o nosso Governo incompetente faça alguma coisa) ajudemos os pequenos produtores indo a quintas e herdades ou até comprando àquelas pessoas que trabalham de sol a sol vendendo os seus produtos agrícolas nas estradas (e por experiência própria aquela fruta sim é saborosa).
E na tal reportagem também foi dito que os produtores agrícolas nacionais vendem 1kg de maçãs a 25 cêntimos aos distribuidores e os hipermercados vendem aos consumidores 1kg de maçãs por dois euros e tal!
Posto isto está cumprida a minha missão de explicar da maneira que a encontrei a razão para esta crise...cabe ao comum dos cidadãos agir porque a economia é uma ciência social que reflecte milhares de comportamentos individuais. Você pode fazer a diferença!