terça-feira, 20 de novembro de 2012

Vidas alemãs e vidas portuguesas


Vidas Alemãs: Helga ganha 2800 euros por mês e quer vir de férias a Portugal
Helga tem 37 anos e uma filha de 7, vive em Berlim, trabalha como assietnte social cerca de 35 horas por semana (a média nacional). Esta personagem de ficção tem um salário de 2800 euros e o marido de 3500 euros (os salários médios de mulheres e homens na Alemanha). Pagam 650 euros de renda por um T2. E não prescinde do ginásio, que fica por 160 euros aos dois. Na hora de entregar a declaração fiscal conjunta, o casal paga uma taxa de IRS de 42% (rendimentos anuais acima de 52882 euros), mais uma taxa de solidariedade de 5,5%. Por mês, cada um desconta 14,9% para terem acesso ao sistema de saúde público. Se Helga tivesse dado ouvidos à tradição alemã, depois de a filha ter nascido devia ter deixado o emprego e passado a ser mãe a tempo inteiro. De acordo com a proposta do Governo de Merkel (que  não tem filhos), a partir de 2013 será concedido aos pais um subsídio especial para manter as crianças em casa com a mãe até aos 3 anos. Se optar por ser mãe de novo, de acordo com a nova lei de protecção parental em vigor desde 2007, terá direito a 14 semanas de licença pagas a 100%, com opção de estender esse período por mais 14 meses (dois gozados pelo pai) por 67% do ordenado, até um limite de 1800 euros. Um cenário que teme é o desemprego. Num país onde existem 2,7 milhões de desempregados inscritos nos centros de emprego, o que corresponde a uma taxa de dedesempregados inscritos nos centros de emprego, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 6,5% se ficar sem trabalho receberá 67% do seu salário bruto (até um máximo de 2964 euros em 2012) durante um período equivalente a metade do tempo que fez descontos. A Portugal gostava de vir, passar férias com a família e conhecer as praias do Algarve.

Fontes: Eurostat, Destatis -German Federal Statistical Office

 Vidas Portuguesas: Maria ganha 989 euros e quer emigrar para a a Alemanha
Maria tem pela frente um enorme aumento de impostos. É casada, dois filhos pequenos. Não tem a vida desafogada com que sonhou, mas o dinheiros chega para os bens essenciais.
Para 2013, a palavra de ordem é "popança máxima". Uma história portuguesa em que apenas as personagens são de ficção. Trabalha num escritório de contabilidade em Lisboa (mais do que as as 40 horas semanais estipuladas) e todos os meses recebe 968 euros, salário médio feminino em Portugal: chega para pagar o empréstimo da casa ao banco (650 euros graças à baixa dos juros). Leva almoço de casa para o trabalho. O marido é informático e, tal como a maioria dos homens, ganha mais do que a mulher: 1500 euros . Em conjunto, o orçamento familiar fica equilibrado, mas atira o casal para um escalão de IRS mais elevado em 2013 e para um ataxa de de 37% (rendimentos anuais entre 20 e 40 mil euros). Pelo contrário, as despesas com a casa, saúde e educação dos filhos valerão menos, podendo o casal deduzir até um limite de 1200 euros (mais 10% por cada filho). No escritório de contabilidade correm rumores de despedimentos. O sonho de voltar a ser mãe está posto de parte. Dos dois filhos (em 2008 e 2011) optou por uma licença de maternidade de 150 dias com 80% de vencimento bruto. Esteve em casa os primeiros cinco meses de vida de cada um, que depois ficaram na creche para a mãe voltar ao trabalho. Com o inverno à porta, Maria está já a poupar para as idas ao médico: 20 euros por cada urgência, mais 5 pelas consultas no centro de saúde. Emigrar para a Alemanha? Sim, já lhe passou pela cabeça.

Fontes: Boletim Estatístico de julho de 2012 do Ministério da Solidariedade e Segurança Social, Portal de Finanças, IEFP.

(retirado do Jornalde Notícias de 12-11-2012)

Por fim, finalizo com o video português sobre a crise e o projecto europeu que a Alemanha censurou (censura no século XXI!) no entanto, numa Era da informação, ignorância é uma escolha que se faz, e os alemães lá sabem o que querem decidir:



Ler mais:
Alemanha e a Europa dos contrastes
O que é a Alemanha?