sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sobre o conflitto israelo-plaestiniano

Mundo louco, comemora-se todos os anos entusiasmado a queda do Muro de Berlim e ignora-se a grande fortaleza erigida em Gaza...um dia vamos olhar para trás e pensar? "como é que aquele massacre e anacronismo foi permitido? ainda apor cima de baixo dos nossos narizes?"
 " A gaiola de Gaza: Gaza é quase só areia, mas as coisas crescem ali, tal como em Israel, a terra que os habitantes do enclave recordam como sua. Durante anos os habitantes de Gaza estiveram nos seus campos de refugiados a ver como, diante dos olhos transformavam a suas terras e aldeias onde eles e os seus antepassados viveram, na casa dos israelitas. Meio século de história e o ódio dura gerações e o ciclo de violência transformou-se em rotina." (visão)

 Li, uma crónica deveras interessante numa Courrier deste ano e decidi partilhar uns excertos aqui.
O autor é Sami Michael, escritor israelista que proferiu estas palavras numa conferência em Haifa.

"Israel é um estado judaico formado há 60 anos após a II Guerra Mundial.
O Estado de Israel é produto da tradição da intervenção judaica.
Quando os pais do sionismo na Europa conseguiram atrair simpatia para a criação de um Estado judeu, utilizaram o argumento de que tal entidade faria avançar por todo o Médio Oriente uma onda de cultura europeia. Esta abordagem ganhou raízes na consciência israelita e, até hoje, a Europa é meca espiritual para uma boa parte da intelectualidade israelita, especialmente para os escritores considerados formadores da opinião pública. A meu ver, este é um dos profundos conflitos intrínsecos à ideia sionista.
A ideologia sionista emergiu no contexto do antissemitismo europeu, embora os pais do sionismo se tenham oferecido para servir de agentes da cultura que alimentara o ódio aos judeus. Parece que os seus defensores consideram que séculos de antissemitismo, a expulsão da Espanha quatrocentista e as atrocidades da Alemanha nazi ocorreram noutro planeta, numa era imaginária.
Como resultado de uma autolavagem do cérebro, a Europa permanece na mente d emuitos israelitas como um farol e uma fonte de inspiração para uma sociedade esclarecida.
Aos nossos olhos e aos dos nossos simpatizantes na Europa, reconhecemo-nos orgulhosamente como praça-forte da cultura europeia num mundo atrasado e hostil.
Não me parece que, granjeando a simpatia com a cultura europeia, tenhamos atraído a admiração da Europa, mas o certo é que acirrámos o ódio dos povos árabes, como agentes ao serviço de um inimigo perigoso e como perpetuadores da ocupação por esse mesmo inimigo [...]O estado de Israel desde o dia da sua criação, demonstrou até que ponto a desconfiança dos árabes tinha fundamento e era lógica, a começar pela identificação de Israel na década de 1950 com os crimes dos franceses na Argélia, passando pela participação israelita nas operações da Grã- Bretanha e França em 1956 contra o Egipto por causa da nacionalização do canal do Suez a terminar no nosso entusiasmo pela conquista do Iraque pelos EUA, para não falar na ocupação e colonização da faixa de Gaza e Cisjordânia."