A crise financeira na Grécia começou há dois anos, quando finalmente revelou que as suas contas públicas eram totalmente diferentes dos dados oficiais e se traduziam num enorme buraco económico, anunciando que não conseguia mais pagar as suas dívidas.
Depois pediram ajuda externa e receberam dinheiro do BCE (Banco Central Europeu), CEE (Comissão Europeia) e FMI (Fundo Monetário Internacional) com a contrapartida de aplicarem cortes drásticos de despesa pública e alienarem património, nomeadamente empresas vendidas ao desbarato.
Entretanto o PIB grego vai caindo a pique, só em 2011 caiu 6%!
O pacote de ajuda terá a contrapartida de serem aplicadas várias medidas de austeridade insustentáveis na Grécia:
(fonte: uma das revistas Visão de Fevereiro de 2012):
*15 mil despedimentos imediatos da função pública e 150 mil até 2015
* 50 mil milhões de receitas com privatizações (50 biliões em privatizações!!!!) até 2020
*3,3 mil milhões de impostos de impostos em 2013 a que se seguem 2,3 mil milhões em 2012.
Segundo o que li na Revista Sábadode 23 a 29 de Fevereiro na notícia: "Como a Grécia foge ao fisco" em Setembro foi aprovada uma taxa sobre a propriedade, paga através da factura da electricidade (que subiu em média 400%). Mais de 90% das famílias pagou. Sobretudo porque a alternativa não é boa: no dia 23 de Janeiro a Public Power Corporation começou a desligar a electricidade a 20 mil gregos que não tinham liquidado o imposto. E há dois meses os jornais gregos anunciaram que está a ser estudada outra medida. desta vez, o objectivo é que sejam os bancos a ajudar. A ideia é oferecer um desconto no IVA aos consumidores que paguem as compras com cartões de crédito ou de débito. O IVA cobrado seria acumulado pelos bancos e, depois, entregue ao Estado, que perde 30% das receitas de IVA anuais (a média na UE é de 12%).
A Grécia, berço da civilização europeia, da democracia e da filosofia pecou de um mal muito comum nomeadamente nos países do sul como a Itália e Espanha há-que concordar, o que por sua vez contrasta com a transparência e civismo nórdico (como Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega e Islândia).
A Grécia corrompeu-se, e viveu muito tempo com o dinheiro que não podia gastar e enganou durante algum tempo os próprios gregos e demais europeus. Mas no caso grego os benefícios foram de parte a parte: funcionários públicos com reformas antecipadas avultadas, empresas fantasma, trafulhices das mais variadas formas inclusive até conseguiam receber pensões de defuntos não declarando óbito (foi o que ouvi dizer na TV).
No entanto os gregos também foram um óptimo cliente alemão, tendo-lhes comprado as mais diversas inutilidades caras (mesmo em crise), como caso mediáticos do submarinos o que mostra corrupção de ambas as partes e gestão danosa de dinheiros públicos por parte dos gregos (e portugueses).
Custa-me a crer como os gregos puderam pensar que poderiam viver daquela maneira para sempre...e custa-me saber como alguém vive com o que não tem...alguém emprestou, alguém deveria saber não?
No entanto apesar de duras medidas de austeridade o ordenado mínimo grego continua a ser superior ao português: os gregos ganham 751 euros e os portugueses 486 euros. No entanto o FMI já fiz saber, querer exigir um corte de 22% no ordenado mínimo grego reduzindo-o para 586 euros (ordenado mínimo na Grécia). Perante isto tudo quase estava a ser tentada a chamar os gregos de "piegas" por perante tal ordenado mínimo (de sonho em comparação connosco) reclamarem... mas verdade também é que só recebe ordenado quem trabalha...e na Grécia são cada vez menos...
Não há dúvidas, os portugueses são dos povos mais miseráveis dos miseráveis...mas em vez de se irem manifestar para a Rua e exigir mudança votam em carrascos políticos e encolhem os ombros, já os gregos por sua vez mostram a sua revolta e fazem braço de ferro ao novo Reich Europeu. Para isso é preciso coragem e atitude, coisa que se calhar os tais "piegas" dos portugueses não têm...
Durante toda esta crise os gregos têm sofrido as mais diversas humilhações: desde os alemães quererem retirar a sua soberania (berlim-quer-ocupar-atenas), a sugerirem pôr a sua bandeira (e a de Portugal) a meia-haste nos edifícios da UE para expressar a sua vergonha, a terem sugerido que os gregos vendessem as suas ilhas e até o Parthenom (resposta-alema-para-crise-grega), passando pelo negócio especulativo que a Alemanha faz com o BCE, situado em Frankfurt (BCE).
Isto assemelha-se a algo que já vimos acontecer há uns anos atrás, são fantasmas do passado que acordam e fazem-nos levantar a legítima questão: será que a Europa Nazi retornou dos mortos? europa-nazi-esta-de-volta.
Parece que a ânsia de dominar a Europa nunca abandonou as almas germânicas...
Toda esta atitude arrogante da Alemanha tem levado a um sentimento europeu de germanofobia generalizado e legítimo. Levando ao extremo de manifestantes gregos terem incendiado a bandeira alemã e outra bandeira nazi em frente ao parlamento grego (manifestantes queimam bandeira alemã).
É cada vez é mais nítido, quem manda na Europa é a Alemanha. Alemanha essa que não tem sentido grandes efeitos da crise, com taxas de desemprego mínimas recorde (alemanha-e-europa-dos-contrastes e assimetrias-da-zona-euro).
A Grécia está em dificuldades e a viver dramas sociais, infelizmente, os media só transmitem os gregos desvaridos incendiários, rebeldes mas não fazem tanta cobertura a manifestações pacíficas e ao drama social: do número de sem abrigos crescente e até de alunos a desmaiarem com fome nas escolas (na-grecia-alunos-desmaiam-com-fome). Pois é, todos os dias na Grécia crianças são abandonadas com bilhetes de pais desalentados e empobrecidos a dizer que infelizmente já não têm mais condições para cuidar dos filhos, a taxa de suicídio disparou na Grécia e os novos sem abrigos são de classe média que a cada dia que passa se aglomeram mais e mais pelas ruas da amargura da Grécia...então, porque é que os media não falam dessa realidade? se calhar porque não convém aos nossos credores sabermos pelo caminho pelo qual estamos a ir, pelo menos até não nos sugarem tudo o que há para sugar...
Não há volta a dar: eu estou do lado dos gregos, e todos os portugueses também deveriam de estar, afinal para lá caminhamos!
Aqui se vê que a família europeia se desmorona, quando nos bons e maus momentos deveriam estar todos unidos...
jornal i (14-2-2012):
PIB da Grécia a caminho do terceiro Mundo
"Se em 2011 o PIB grego já era um dos mais baixos da Europa, este ano pode ficar ao nível do Egipto e tornar a Grécia um país de terceiro mundo em termos de desenvolvimento económico. Isto empurraria o país em tempos tido como desenvolvido para um PIB semelhante ao da Nigéria em 2016 ou 2017. Os cálculos foram publicados ontem sob o título "Grécia torna-se um país de terceiro mundo" pelo "Wall Stret Journal", que aponta a perda de poder de compra devida à austeridade e o desaparecimento da classe média como as principais causas desta evolução. O economista Werner Sinn pensa que a única solução possível é o "regresso ao dracma".
mais: tragedia-grega
Para os gregos já estamos no IV Reich.