quinta-feira, 1 de março de 2012

Cavalo de Troi(k)a

Cavalo de Troi(k)a


Se a Grécia não recebesse a nova "ajuda" do BCE, CEE e FMI (troika) entraria em Bancarrota e poderia haver um efeito dominó na Europa devido à grande exposição da banca e dívida grega - os bancos franceses e alemães são os maiores detentores privados da dívida pública grega com uma carteira próxima de 60 mil milhões de euros .E se a Grécia e outros países como Portugal, Espanha, Itália e Irlanda saírem do Euro os juros podem chegar a níveis insuportáveis para estes países criando efeitos ainda mais recessivos.
Perante a chantagem alemã os gregos cederam e depois de se terem amedrontado perante os germânicos cancelando um referendo desta vez engoliram em seco e vão mesmo substituir a sua democracia por uma tecnocracia!
Sim! A Grécia, berço da democracia vê-se perante a humilhação mais pesada de todas: a perda da sua soberania...por termo indeterminado...talvez se calhar até os capitais franceses e alemães estarem a salvo e decretarem a falência oficial...sim porque dizem que estes 131 mil milhões de euros são o último pacote de ajuda externa. E 131 mil milhões é muito dinheiro!!! Para onde será canalizado?
Para além disso a Grécia também vai ter um perdão da dívida de 107 mil milhões de euros, cerca de metade do PIB do país.
Então ameaça concretizou-se mesmo a Grécia já foi "invadida", é oficial: Berlim ocupou Atenas (outra vez).
Vários analistas disseram que este pacote de ajuda é um adiamento da falência da Grécia, que a Grécia entrará em bancarrota, sairá do Euro e até mesmo será expulsa da União Europeia, e portanto da Europa...apesar de ter sido a própria Grécia a criadora da civilização europeia, a ironia é tão grande que as palavra Europa, democracia e até crise provém do grego...é de facto uma tragédia grega.
Já dei o meu ponto de vista: a culpa da crise europeia está longe de ser a Alemanha, mas sim antes os países que se submeteram ao seu jugo e permitiram que a Alemanha crescesse à sua custa, todos os governos corruptos e povos letárgicos, apáticos ou até enebriados por dinheiro fácil!
Mas não deixa de ser irónico a Alemanha ser o único país a crescer com a crise europeia e a fazer juros agiotas com as dívidas dos países da zona euro.

O que foi dito nos media sobre a Grécia (e também Portugal):

1-"Dançar com os gregos: dancem, dancem...que isto um dia acorda torto. Muito torto mesmo. Os gregos vão ter mais um plano irrealista de "ajustamento". Se fosse apenas um plano de "ajustamento", vá que não vá. Mas é um plano irrealista, por isso é uma receita para o desastre, ou melhor, para a continuação do desastre. Obrigar os gregos a destruir parte da sua economia, que, mal ou bem, ainda funciona, para baixar a dívida de 160% para 120,5% até 2020, é uma impossibilidade que pode atrair os partidários do "economês", mas põe os cabelos no ar do cidadão "sensocomunês". Diga-se de passagem que nós não podemos falar muito porque vamos assinar um "pacto orçamental" com idênticas medidas irrealistas. Vão ter uma variante do gaulitier, ou seja, no eufemismo tecnocrático, vão ter uma "presença permanente" para os vigiar. São eles que vão governar a Grécia em nome dos credores, o povo grego passa a sujeito e súbdito. Há quem diga "é bem feito" porque andaram a viver à custa do que não tinham. Diga-se, mais uma vez, de passagem que o mesmo se diz de nós, lá fora e cá dentro. Mas quem diz que "é bem feito" devia ser declarado inimputável pois não sabe o que diz e em que caldeirão de feitiços está a meter a colher.
Vão ter que mudar a Constituição à força, o que é supremo vexame para quem acha que as Constituições são mais do que um textozinho precário e que mexer nelas é intrinsecamente um elemento de soberani nacional. Nós também não podemos falar muito porque aceitamos o mesmo diktat. O Objectivo é incluir na Constituição uma "regra da prioridade absoluta ao pagamento da dívida", um absurdo constitucional, uma maneira de afixar na porta da Grécia que esta já teve a visita do cobrador de fraque e este a obrigou por escárnio a anunciar isso na tabuleta"
José Pacheco Pereira, Professor na crónica de Opinião: A lagartixa e o jacaré da Revista Sábado de 23-2 a 29-2-2012

2-"Não acredito que a Grécia seja expulsa do União Europeia. Apesar de alguns lideres europeus, sem compreenderem a essência do que é ser europeu, pensem que é fácil expulsá-la. Pelo menos da zona euro, e que tudo- em matéria de crise - ficará resolvido. Mas não é assim tão fácil. O euro é uma moeda forte - mais forte do que o dólar e a libra esterlina- se a Grécia fosse expulsa, o euro entraria em fortes convulsões, o que poria o próprio projecto da Comunidade Europeia em grande risco. Portugal, Itália, Espanha, Bélgica, a própria França[...]entrariam em convulsões muito sérias.
É por isso que não obstante a situação europeia e dos estados- membros ser de completa desorientação, teimo em acreditar que os actuais líderes europeus, por mais medíocres e sem visão que sejam, não se atreverão a dar o primeiro passo para o abismo, deixando cair a Grécia. Sei como os economicistas, frequentemente, são alheios à cultura - só vêem o dinheiro e não as pessoas - e talvez alguns não saibam, ou não tenham isso em conta, o que representa a Grécia na cultura ocidental. Ora, a Grécia não é um país qualquer. Foi o berço da nossa Civilização. Os melhores pensadores europeus - incluindo os alemães - quando se referem à Grécia falam com reverência da sabedoria grega e citam respeitosamente Homero, hesíodo, Sócrates, Platão, Péricles, Aristóteles, Sófocles, para só referir os principais.
A verdade é que o espírito racional e humanista da cultura grega conquistou o Mundo. Devemos-lhe a filosofia, a matemática, a ciência, os mitos e as tragédias, a literatura, a democracia, a história e influencia que teve em Roma[..]De resto, o nome Europa vem dos gregos e da sua mitologia.
Um Povo com este historial - e orgulhoso dele - não pode ser tratado como os mercados especulativos, as troikas e as agências de rating ao serviço do grande capital o têm visto. 
A Grécia entrou na CEE, muito festejada, antes de Portugal e de Espanha, pela mão de Valéry Giscard d'Estaing, então Presidente de França. Não é aceitável que um ministro alemão, economicista quanto baste, injurie os gregos e, com os olhos postos tão só no «vil metal», os trate de preguiçosos e incapazes, insinuando que deveriam ser expulsos da Europa.
O Presidente da Grécia, patriota, com orgulho ferido, respondeu-lhe à letra. felizmente. Mas não bastou. A Grécia vive há sete meses à espera que a Europa lhe faça um empréstimo de 130 mil milhões de euros, sujeita a medidas de austeridade terríveis, com a sua população desesperada. Veremos.
Quando os conflitos chegam a este nível, tão baixo e insensato, em que a solidariedade desapareceu, não admira que os estados não europeus desconfiem da estabilidade europeia e aproveitem para tirar partido da situação. E isso pesa na consciência de todos os europeus. Não só dos gregos. Pobre Europa! Quem a viu e quem a vê..." Mário Soares em Radar Ensaio, Revista Visão de 23 a 29 de Fevereiro de 2009.



3-"É suposto Portugal estar a fazer tudo bem feito, pelo manual escolar da troika. poupa aqui, suprime ali, recicla acolá, corta e cola. No remanso dos brandos costumes no "milagre" da concertação social, na dádiva de uma oposição "responsável". E é dito que a Grécia funciona ao inverso: os maus hábitos perduram, a irresponsabilidade reina, há a vadiagem e a bomba, os tecnocratas arrancam os cabelos e cada novo resgate é tirado a ferros, com vice-reis europeístas designados pela sossegar os nativos. Se estas duas narrativas (como hoje se diz) estão correctas, então Portugal sai do purgatório e Atenas aproxima-se do Inferno. Mas se for assim, porquê as vozes insistentes sobre uma nova ajuda a Lisboa? Provocação, sabotagem ou a realização de que nem o óptimo nos basta? Espanha e Itália estão a conseguir vender a dívida sem juros de agiota. Porque é que Portugal não consegue?
Ponham perguntas e esclareçam. Mas não culpem o mensageiro nem o voyeur (neste caso, o vídeo da TVI)." Nuno Rogeiro, politólogo na revista sábado de 23 a 29 de Fevereiro

4-"Há acordo para a Grécia. É um acordo para um segundo empréstimo, com um perdão enorme de dívida e que tem duas consequências directas para a Grécia. A primeira é que o país fica condenado a uma longa, muito longa ausência nos mercados financeiros. A segunda também é uma condenação, a de que o país fica sob o controlo remoto da troika, que vai decidir as suas políticas em troca de dinheiro. É difícil garantir que a Grécia vai cumprir os pactos de austeridade, até porque não os cumpriu até aqui, mas sobretudo porque o país está politicamente em frangalhos e socialmente na ruptura." Pedro Santos Guerreiro, Director do Jornal de Negócios na Revista Sábado de 23 a 29-02-2012

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