segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Economia é anti-económica



"Nem o economista mais económico seria capaz de viver de acordo com os princípios que defende[..] alguém viu alguma vez um economista pedir para ser despedido ou processado quando se revela ineficaz ou irracional? Uma vez que a economia possui racionalidade em doses industriais, nunca deve ser aplicada contra si própria. O director que se serve dos critérios de eficiência mais restritos e matemáticos na hora de reduzir as despesas é o mesmo que compra um Rolex quando podia ver as horas no telemóvel. O indivíduo que calcula ao milímetro o preço do transporte das matérias-primas gasta milhões num Ferrari que o transportará pela cidade com menor grau de eficiência que um comboio suburbano. O mestrado em Gestão de Empresas que consegue calcular o espaço mínimo no qual cabe cada operário na cadeia de montagem é o mesmo que se endivida para possuir quatro casa de mil metros quadrados cada.
É evidente que as leis rígidas e inflexíveis da economia funcionam apenas quando aplicadas aos outros, e com especial eficácia e energia se esses outros forem pobres. Se, para além disso, forem aplicadas àqueles que não entendem de economia, então todo o sistema funcionará sobre rodas.
[..]se a economia é uma forma de penitência, alguém deve gerir as absolvições...o clérigo da economia pode, com a sua frieza de pensamento, colocar o preço do arroz haitiano na lua enquanto o seu coração quente compra um Lamborghini. Tudo bem, isto pode soar a demagogia, mas conhecem algum economista que tenha levado à falência um fabricante de automóveis desportivos de modo a tornar o preço do arroz haitiano mais justo? Aí está."

A verdade é que não vemos os economistas a economizar nada...

António Baños Boncompain no livro " A Economia não existe"

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