"Faz falta um novo 25 de Abril!" |
Confesso que não sou nada boa manifestante, não sou de dar voz ao manifesto literalmente fiquei-me por observar.
A manifestação começou no Marquês de Pombal e foi a descer a Avenida da Liberdade até ao Rossio (quanto a mim fazia mais sentido até ao Parlamento...).
É irónico ainda chamarem Avenida da Liberdade aquela imponente e chique Avenida de Lisboa...nunca aquela Avenida da Liberdade esteve tão presa, comprada pelo grande capital: são bancos de um lado, firmas de outro, hotéis de quatro e cinco estrelas, são lojas de alta costura e marcas elitistas só para podres de ricos como a Prada e a Luis Vuitton...dei uma espreitadela à montra das lojas e senti-me insultada a ver malecas dessas marcas a, a 895 euros, a 995 euros, a 1240 euros...é assim que os ricalhaços estoiram o dinheiro...e pagam 485 euros aos empregados que ainda têm de descontar para os impostos a seguir...ou seja um salário nem dá para uma mala deles!
malas PRADA para tias a 1000 euros cada: uma pechincha |
"para os bancos são milhões, para o povo só tostões"
"eles é que andam a viver acima das nossas possibilidades"
"quem deve aqui dinheiro é o banqueiro"
E ouvia-se cantarolar com o ritmo de António de Variações: "quando o Governo não tem juízo, o povo é que paga, o povo é que paga...não vou pagar não vou pagar devem estar a gozar!". Teve graça que um dos protestantes que cantava alegremente esta canção era chinês! Quer dizer devia de ser português mas tinha os olhos em bico.
No fim da manifestação ainda vi um caixão aberto no meio do Rossio com pessoas de vestes escuras a carpir, deu-me a entender que era a Liberdade ou a Pátria (no sentido figurado) que ia a enterrar.
Um protesto inteligente e interessante, no fim o grupo chamado "Colectivo Negativo" (https://www.facebook.com/ColectivoNegativo) distribui um papel a cada uma das pessoas intrigadas com o cenário mórbido e só nos disseram: "os meus pêsames".
O papel dizia assim:
Ars moriendi (A Arte de Morrer) - Prescrições para uma Nação Servil
O ideal morreu antes mesmo de ser parido; eu estou inocente.
Se a saudade é um mal de que se vive e um bem de que se padece, enquanto a esperança resvala na valeta, diz-me, antes do teu último sopro: Valeu a pena?
Poderás nunca entender a concomitante simplicidade do tempo na sagacidade das horas, porque te esforças ser à imagem de um pai enfermo e esperas, apenas esperas, então o que esperas de amanhã?
Virá o dia em que o nosso silêncio será mais forte do que as vozes que nos condenam ao esquecimento.
Nas comemorações oficiais também não participaram figuras de estado proeminentes com já suficiente protagonismo e história como Manuel Alegre e Mário Soares, este último tendo dito que estas medidas estão a destruir o Estado Social que Abril construiu...verdade verdade e também permitiram que o Sr Soares (de quem até gosto de ler os artigos na Visão) padecesse de uma crise de egocentrismo e tivesse feito uma fundação com o seu próprio nome, a fundação Mário Soares, que como mais 899 que existem em Portugal não pagam impostos e ainda mamam do Estado...ah e aproveitou para empregar lá a família e arranjar uns tachinos para os amigos.
Enfim, lembrou-se o 25 de Abril, celebrou-se a liberdade mas já não é a mesma coisa: está ser comprada...tudo está!
25 de Abril sempre e para sempre mas para quando mesmo?
25-de-abril-sempre-e-para-sempre
a ilusão da democracia