domingo, 1 de abril de 2012

a ilusão da nossa "democracia"

Não acho que haja alternativa política nacional...por enquanto e para já (até porque o PS foi a vergonha que foi, o PCP é incapaz e mostrou o perigo que é ao enviar  condolências à Coreia do Norte, e o BE bem...impulsiona mandar o Governo abaixo com uma moção de censura e depois recusa-se reunir com a troika e faz uma campanha a dizer: "renegociar a divida", quando não negociou coisa alguma...
Quem manda nisto é a Alemanha ponto final! (ler: zona Euro ou zona marco).
Ou seja, estamos num sarilho muito maior do que pensávamos porque já não temos de lidar com os ladrões de cá de dentro, também temos de levar com os de lá de fora.
Seremos mesmo livres só por podermos dar a nossa opinião? Afinal, de que adianta dar opiniões, descobrir verdades inconvenientes escarrapachadas em jornais se as pessoas passaram a encara as mentiras, as aldrabices e a corrupção como algo inevitável, "que faz parte", "há em todo o lado" e que "nunca vai mudar"????! 
O que há de liberdade em estar falido, desempregado e miserável e viver num país hipotecado pelos ditadores dos Mercados especulativos e a pagar dívidas e juros destruindo "custe o que custar"a nossa economia para pagar o que dizem que devemos?
Democracia (palavra etimologicamente derivada do grego em que Demos significa povo) é uma ideologia social e política em que quem ordena é o povo e a sua vontade. Ora o que tem vindo a acontecer é que sucessivos governos são eleitos por cidadãos que são iludidos pelas ideias dos tais partidos que depois, já eleitos, têm o desplante de fazer tudo ao contrário do que era suposto fazer indo assim contra o eleitorado que os elegeu por direito!
Isto não é uma democracia é uma "Farsolacia" e agora juntando-se a dívida podemos chamá-la de "Dividocracia"...quem manda não é o povo (se é que alguma vez mandou) são os lobbies, são os interesses, são os banqueiros, são os buracos negros das contas offshores, quem manda são os mercados especulativos!
E eu incrédulamente não  consigo entender como algo assim pode ser entendido como inevitável!

Portugal foi uma monarquia até que em 1910, após o regicídio do Rei, foi instaurada a República Portuguesa, depois em 1933 levámos com o Estado Novo e uma ditadura repressiva até 1974 (!!!), depois fizeram o 25 de Abril com promessas de liberdade e mudança...e o que aconteceu foi uma sequência ininterrupta de erros (já é a 3ª vez em cerca de 30 anos que temos cá o FMI), foi Portugal a saque, a arranjar tachos e tachinhos, influências, amiguinhos, cunhas e favores com todos os "democartas"e maçons a fazerem por tudo para entrar no emaranhado das teias de interesses das máquinas partidárias...cada vez mais longe do alcance do mero cidadão comum honesto que esses partidos dizem representar.
Foi este fosso que foi separando os eleitos dos eleitores que projectou desconfianças sobre o funcionamento do sistema de representação democrática que a clausura dos aparelhos partidários e o cansaço da retórica e dos jogos parlamentares se encarregaram de acentuar.
É que ser político, em Portugal, não é um contributo social, é antes uma forma de garantir reforma (há reformas por todos os cargos, mesmo que só tenham estado 8 anos ou menos até numa Câmara, Junta de Freguesia, parlamento ou empresa pública ou público-privada). Entrar nos círculos conspurcados da política é uma boa forma de enriquecer, fazer favores a amigos que os vão de seguida retribuir-lhes a eles nas empresas públicas ou público-privadas. Deste modo o Estado transformou-se numa autêntica empresas empregadora de boys dos partidos no poder que sempre que vão mudando fazem o jogo das cadeiras...
Sendo os nossos políticos tão maus, e estando nós tão descrentes e enojados no que tornaram as promessas do 25 de Abril, tendo-nos resignado com eles serem todos iguais e a corrupção ser uma força maquiavélica invencível naturalmente percebe-se que as pessoas já não vão votar. Eu entendo-lhes agora, afinal votar para quê? para o meu voto se voltar contra mim?
Mas será a abstenção a melhor solução? De modo algum! A nossa indignação devia ser a solução a impulsionar esta mudança...lembro-me de ver no programa de TV "Conversas Improváveis" o Manuel Alegre a dizer que Passos Coelho devia de ter cuidado e não chamar aos portugueses de piegas porque segundo Manuel Alegre, "somos dos povos que fizeram mais revoluções na Europa"...pois é portugueses, mais de 30 anos idos desde a última...eu cá estou à espera que exijam que acabe esta nojeira toda em que se transformou a administração e gestão do país que nos levou à ruína...não sei bem como isso se fará, mas uma coisa é certa, precisamos de nos mudar a nós mesmos primeiro...todos! Por isso a mansidão tuga, "o deixa andar" cada vez nos custam mais...e eu continuo à espera que vocês se passem de vez! (recentemente o nosso PM elogiou a paciência ).
 Ser o país mais miserável da Europa Ocidental e um dos mais desiguais do Mundo com os salários mínimos mais baixos e em que os mais pobres com a austeridade pagaram mais que os mais ricos e as reformas douradas duplicaram não vos chega???  


Desistir e entregar isto "aos bichos" não é solução! Precisamos de participar activamente na democracia jamais permitindo que as mentiras, o descaramento e a corrupção se perpetuem mais...afinal as pessoas é que estão a suportar este sistema e só elas o podem mudar, basta querer agir e deixarem de lado a resignação!

Por fim deixo-vos com uma sábia citação de Platão, um grande filósofo da Grécia Antiga:

E que grande preço que estamos a pagar! Como nos saiu caro...

Por isso ouvir coisas como  José Miguel Júdice, advogado, disse no Programa Grande Entrevista da RTP1:"Não podemos dizer a verdade toda, pois se o fizessem não votávamos neles" dando nota positiva ao mandato de Pedro Passos Coelho e desculpando as promessas não cumpridas do primeiro-ministro efectuadas durante a campanha eleitoral (não vi o programa mas li na revista Fócus de 9 a 15 de Novembro de 2011...quando ainda existia a revista Fócus)...portanto afirmações destas, desculpar a mentira consecutiva e entrar em jogos de retórica dominados por uma grande comitiva de sofistas, a corrupção, o uso de cargos políticos para enriquecer e favorecer negócios privados isso de facto NÃO faz parte de uma democracia!
É triste mas Portugal não é uma democracia, é antes uma "faláciocracia" ou até uma "partidocarcia".
Mas para os mais cépticos informo que há países onde existe democracia, nomeadamente os nórdico como a Noruega, Dinamarca ou  Islândia).
O povo é o patrão e os políticos os empregados ("o povo é quem mais ordena"), mas parece que essa lógica se inverteu como se observa no excelente post que encontrei no excelente  blogue:apodrecetuga.blogspot.com,

Ler mais: 
Análise à austeridade
"Que se lixe a TROIKA queremos as nossas vidas"
Marcha da indignação
Não foi para isto que se fez o 25 de Abril e se derrubou a ditadura
Manifestação do 25 de Abril de 2012
O que (não) mudou em Portugal desde o 25 de Abril de 1974?
Eleições 2011
Assembleia da República: a criar excentricidades desde 1974
Dia 1 de Abril: feliz dia do político
Os donos de Portugal
Lista dos principais coveiros do desastre financeiro português
Portugal: um país de chulos
Portugal: país do insólito
O preço desta democracia (literalmente)
Relatório internacional arrasa classe política portuguesa
Dívida do Estado deve-se à corrupção
Pertencer à elite político-económica
Vergonha nacional
A Elite política
Os gastos excêntricos do Banco de Portugal e da Casa da Moeda
O Escândalo do BPN
O Estado a que isto chegou


 "Ninguém é mais irreversivelmente escravizado do que aqueles que falsamente acreditam ser livres.” Johan Wolfgang von Goethe



"O comportamento de dirigentes que, deliberadamente, enganam o povo em campanha não é admissível. A democracia só é autêntica quando se contrapõem , nas eleições, projectos alternativos. Os eleitos devem-se sentir obrigados a honrar e implementar o programa vencedor. Não há desculpas para não cumprir, nem mesmo desconhecimento da realidade concreta. Quem se candidata a lugares desta importância não pode revelar tamanha imcompetência. Com estas prácticas de mentira reiterada, desacredita-se todo o sistema democrático. Os deputados votam leis contrárias ao programa a que se vincularam em campanha, violando assim a lealdade que devem aos seus eleitores. Os partidos do arco do poder transformaram os processos eleitorais, que deveriam servir para o debate de ideia se confronto de projectos políticos, em circos de sedução em que acaba por ganhar quem é mais eficaz a enganar os cidadãos. As eleições transformaram-se em concursos para escolha do melhor mentiroso. O troféu em jogo e a chefia do governo"
 Paulo Morais in Fio de Prumo CM 9-Abril

" tratam os cidadãos como papalvos que só têm por função, no exercício dos seus direitos democráticos, rabiscar uma cruz de tantos em tantos anos, num boletim de voto. Tudo o resto é feito, entre eleições, nas suas costas e à sua custa."Tomás Vasques, jornal i 1 de Abril de 2013

"É público e notório que este governo já não é mais que Vítor Gaspar, o desacreditado ministro das Finanças, que insiste em que só a miséria nos salvará de males maiores,e  Cavaco Silva, o Presidente da República, seu avalista. O resto é uma imensa confusão ideológica, política e orgânica em que Passos Coelho, o presumível primeiro-ministro, desempenha o papel de escudeiro [...]É neste contexto político, em que o ministro das Finanças governa o país, coma carta de recomendação das "instituições internacionais" e a simpatia do ministro das Finanças alemão, um dos arquitectos da destruição da União Europeia, fazendo do primeiro-ministro um cúmplice verbo-de-encher, como só aconteceu, em Portugal, entre 1928 e 1932, que os Senhor presidente da República, no seu discurso nas comemorações da queda da ditadura, por ironia, nos vem dizer que "sejam quais forem os resultados das eleições" não há há alternativa a este rumo suicida e que "não se deve explorar politicamente a ansiedade e inquietação dos nossos concidadãos" já que "de nada valerá ganhar ou perder eleições, de nada valerá integrar o governo ou estar na oposição". A democracia e a vontade dos portugueses nunca tinham sido tão claramente desprezadas por um chefe de Estado num parlamento eleito democraticamente [..]é de prever que as medidas a apresentar no "Documento de Estratégia Orçamental", a aprovar no Conselho de Ministros de amanhã, sejam na linha do radicalismo suicidário do ministro das Finanças agora com cobertura explícita do Presidente da República."

Tomás Vasques, jornal i 29 de Abril de 2013