quinta-feira, 19 de abril de 2012

Idoso despejado em Espanha choca opinião pública



Já foi a segunda vez que vi notícia na TV e voltei a chorar de novo: é um caso que está a chocar a opinião pública. Um idoso doente e acamado de 74 anos que vai ser despejado da casa que é dele e onde vive há 50 anos porque o filho mais velho, de quem o pai idoso era fiador não conseguiu pagar o empréstimo ao banco...então o banco vai penhorar a casa deste senhor idoso deixando-lhe sem tecto!
Perante a situação foi pedida clemência mas o banco respondeu que "não atende a razões humanitárias de nenhum tipo" e que esta é a política dos bancos.
Ou seja, a ditadura dos bancos e dos mercados especulativos mais não fazem  que ir constantemente contra o direito a ter habitação consagrado na Constituição e a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos:

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) (Artigos 1º, 2º, 25º)
A Declaração Universal reivindica no primeiro artigo a igualdade e dignidade fundamentais para todo o ser humano. O segundo artigo, conhecido como o princípio da não-discriminação, insere-se no contexto do direito à habitação, segundo o qual, todo o indivíduo ou grupo social têm o mesmo direito à habitação, sem distinção de sexo, de idade, de raça, de cor, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, etc. Este artigo sustenta a igualdade de direitos no que se refere à habitação de grupos tradicionalmente desfavorecidos, como as minorias raciais e as mulheres. Adicionalmente, a Declaração Universal declara no Artigo 25º, nº 1, o direito de cada pessoa a um nível de vida condigno, onde se inclui o direito à habitação.

E isto é inaceitável e tem mesmo de parar!
Imagine esta situação infelizmente cada vez mais comum hoje em dia: você trabalha, pede empréstimo para pagar a casa e o carro e enquanto trabalha vai pagando (foi isso que toda a gente fez desde sempre)...mas agora com a crise fica sem trabalho, ganha subsídio de desemprego...se não arranjar trabalho depois como faz? Não pode pagar os empréstimos que contraiu...então o banco vem e tira tudo o que você tem, tira todo o seu dinheiro, vai até às suas poupanças e penhora os seus bens...depois fica sem nada e torna-se um sem abrigo a ser ignorado por uma sociedade materialista zombie obediente e escrava do dinheiro que é engrenagem base deste sistema financeiro...há pessoas que o podem ajudar, mas mesmo que as tenha a sociedade já o pôs fora do círculo e vai fingir que você não existe e aí mesmo lhe sendo dada alguma comida (que o impeça de roubar para sobreviver) pode vir a passar por negações básicas dos direitos humanos: a casa já lhe tiraram, a vida digna também...acesso a saneamento também, acesso a água potável também, pode comprar água engarrafada com dinheiro das esmolas ou ser-lhe dada ou até se lhe deixarem ir às casas de banho de cafés e restaurantes, mas regra geral isso não é possível pois é barrado o acesso a sem abrigos, a clientela não gosta e aflige-se com o cheiro e com a situação em si, é que o sem abrigo está fora do círculo económico...e já não é um homo economicus, deste modo tornou-se invisível...e a comida depende se roubar (e aí se for preso ao menos lá dão-lhe comida) ou lhe darem!
Arranjar trabalho será ainda mais difícil ou mesmo impossível porque nao empregam pessoas sem conta bancária e sem morada...não se empregam sem abrigos...aí acabou, você é carta fora do baralho da sociedade, foi excluído!
E isto pode mesmo acontecer a qualquer pessoa que esteve bem na vida com trabalho e ordenado e família. Pode acontecer a qualquer cidadão antes útil e tributável a quem agora a sociedade lhe vira as costas.

Neste caso, o Sr em questão era só fiador do filho, como o filho devido à grave crise em Espanha não tinha como financiar empréstimos nem mais nada que lhe tirassem vão aos fiadores...e tiram também tudo o que eles têm para tirar...até à última gota!

Já uma vez na TV vi o caso inverso, em Portugal, o filho era fiador dos pais que também se endividaram...os credores foram atrás do filho e ele também perdeu tudo...e sem dinheiro para se deslocar acabou por perder o emprego indo viver  numa casa sem janelas, água e electricidade.

É muito importante de vez as pessoas se insurgirem contra a ditadura dos bancos e unirem-se mais que nunca!

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