sexta-feira, 11 de maio de 2012

Austeridade é suicídio da Europa







O economista e vencedor do prémio nobel, Joseph Stiglitz, afirma que a Europa está numa situação complicada devido às medidas de austeridade, que estão a empurrar o continente "para o suicídio" e os sinais estão por todo o lado:


Grécia: continua com índices de desemprego altos (2º maior da UE só atrás de Espanha e à frente de Portugal) e tolhida de brutais medidas de austeridade, com elevados suicídios e crescente número de sem-abrigos. Entretanto os mercados financeiros continuam a castigar a Grécia sem que o país veja luz ao fundo do túnel. Aumento de suicídios em 40% e 20 mil sem abrigos nas ruas de Atenas.
Irlanda: aumento de suicídios e fome nas escolas.
Espanha: taxa de desemprego maior da Europa de 24,4% com 5,6 milhões de desempregados.
As medidas de austeridade criaram impostos especiais para arrecadar 8mil  milhões de euros.
As medidas de austeridade em 2013 variam entre os 20 e os 25 mil milhões de euros, o que ameaça mergulhar o país numa recessão profunda.
Itália: o executivo de tecnocratas liderado por Mario Monti parece já nem convencer os mercados e cobram mais juros pelas emissões de títulos de  dívidas; só em 2010 houve um acréscimo de 52% dos suicídios motivados por dificuldades económicas.
França: taxa de desemprego quase de 10% e 8 milhões de pobres e até ao final deste ano estima-se que haverá mais 214 mil desempregados que em 2014.
Reino Unido: oficialmente em recessão apesar de todas as medidas de austeridade aplicadas pelo governo de coligação dos conservadores com os liberais. A economia do país cresceu 0,4% quando o plano de redução orçamental.
Holanda: Na Holanda, o governo de coligação que incluía a extrema-direita eurocéptico e islamofóbicode Geert Wilders caiu e o primeiro-ministro  Mark Rutte foi apresentar o pedido de demissão à Raianha, depois de Wilders ter boicotado o plano de austeridade para cortes no valor de 15 mil milhões de euros para obter um défice conjunto de 3% em cumprimento do pacto europeu. Wilders, que agora defende um referendo ao euro, recusou-se a aceitar o 'sangramento' dos reformados e funcionários públicos holandeses pelos 'diktats' de Bruxelas.
Sem uma redução de gastos do Estado holandês na ordem dos 16 mil milhões de euros, o défice orçamental de 2013 seria de cerca de 4,5%, acima das metas definidas pela UE. E a defesa de uma política inflexível de estabilização das contas públicas e as várias críticas holandesas aos países incumpridores obrigam a que, por uma questão de coerência e credibilidade os 3% sejam atingidos Como disse um diário holandês: «não há praticamente nenhuma alternativa a não ser engolir o medicamento que impuseram aos outros países»
O pacto de Merkel acabou por não ser furado porque o governo demissionário conseguiu o apoio da esquerda para viabilizar o programa de cortes.
República Checa: manifestações na praça Venceslau estão ao nível das de 1989, quando acabou o regime comunista, quando acabou o regime comunista. A coligação de direita que governa o páis apresentou ontem voto de confiança no parlamento e tudo indicava que iria receber luz verde para continuar, na sequência de arranjos de bastidores de última hora. Mas a rua já está a pressionar a queda do governo acossado por protestos contra o aumento do desemprego, a subida de impostos e cortes generalizados nos serviços públicos. A República Checa não está no euro nem subscreveu o pacto de Angela erkel para o défice zero, mas o governo em funções partilha a filosofia austeritária dos seus pares europeus.
Roménia: uma moção de censura fez o governo de Mihai Razvan Ungurean cair, 235 deputados votaram contra o governo por causa do programa de privatizações e das medidas de austeridade. A queda do governo coincide com a chegada de uma missão do FMI e da UE para avaliar as reformas aprovadas nos últimos meses.


A dinâmica da crise na zona euro sofre agora a ameaça de actuar em dominó, afectando vários países em simultâneo.

fonte: jornal i de 28 e 29 de Abril de 2012 e Visão nr999