Em todo o Mundo hoje, dia 1 de Maio de 2012, dia do trabalhador, é feriado (bem talvez não em todo o Mundo na China e outros países asiáticos de 3º Mundo não deve ser e neste momento crianças vietnamitas e do Bangladesh devem estar muito ocupadas a cozer roupa e calçado para exportar para os países de 1º Mundo).
Comemora-se o dia 1 de Maio, dia do trabalhador, e como é que os portugueses o vão comemorar? vão às compras! São aos milhares atrás de promoções estrategicamente decididas para serem feitas no dia 1 de Maio e na ilusão de poupar mais uns trocos milhares de portugueses afluem hoje aos hipers a confusão foi generalizada a tal ponto de serem fechados alguns estabelecimentos.
Vejamos o caso do Pingo Doce, que admite ter tido uma enorme afluência e relembremos a indignação generalizada há uns meses quando o Pingo Doce decidiu seguir a pegada de outras empresas e ter na Holanda a sua sede onde pagam menos impostos. Deste modo hoje os portugueses aproveitam a falta de vergonha dos Jerónimos Martins, Belmiros de Azevedos e outros que tais ao lançarem promoções no dia do Trabalhador para pouparem uns trocos e esses tais aproveitam-se da desgraça dos portugueses que aproveitam qualquer promoção para esticar o ordenado até ao fim do mês.
APENAS HOJE: DIA DO TRABALHADOR! Compras com valor igual ou superior a 100 euros têm desconto de 50% |
É vergonhoso mesmo: aproveitarem-se da dificuldade das pessoas que fazem de tudo para poupar e não darem feriado aos trabalhadores e é ainda um pouco lamentável também as pessoas irem na cantiga deles embora entenda que lhes dê jeito poupar. Aquelas pessoas que ganham reformas miseráveis de 200 euros, 300 euros ou subsídios de desemprego igualmente básicos para a subsistência viram nisto uma oportunidade única e não as pudemos censurar.
Mas pôr esta promoção de 50% em compras iguais ou superiores a 100 euros só no dia do trabalhador é indecente, é como uma provocação para os maiores importadores que nem pagam impostos em Portugal da Jerónimo Martins poderem dizer: "como vêm as pessoas estão do nosso lado, não querem saber de contestações".
E de referir que a Finlândia acusa Pingo Doce de exploração de trabalhadores na Polónia (ler:um-grupo-exemplar).
Coitados dos empregados do Pingo Doce esses não tiveram descanso, já outro cenário igualmente lamentável foram as discussões e conflitos entre cliente, é degradante ver o Estado a que as pessoas chegaram para poderem poupar uns trocos para conseguirem viver.
O dia do trabalhador foi um dia de luta? sim! Entre clientes do Pingo Doce!
E as pessoas gastaram lá muito do seu ordenado que tinham acabado de receber em coisas que precisavam e não precisavam, mas desengane-se quem pensa que foram só os que procuravam bens de 1ª necessidade viu-se um chinês a comprar 5000 euros em álcool...sem dúvida que belo negócio especulativo!
Foi uma excelente estratégica de marketing, supostamente todos ganharam: os consumidores e a empresa. E assim o capital ri-se e clama por vitória! Conseguiram transformar o dia do trabalhador no dia do consumidor.
para ler: pingo-doce-saldos
para ver: Pingo Doce é um atentado à dignidade humana
Post relacionado: Pingo Amargo
"O dia do trabalhador foi proclamado em 1891 numa reunião da Segunda Internacional. Presentes delegados de 16 países. Hoje é feriado oficial em mais de 80 países. À época, a grande reivindicação era que a jornada máxima de trabalho fosse de oito horas, mas o objectivo era reforçar o trabalhador contra o capital. Se preferirem, quem vende o seu tempo, energia e criatividade (e parte da sua liberdade) contra quem compra trabalho. Essa relação de forças equilibrou-se a favor do trabalho durante a melhor parte do século XX, mas desequilibra-se hoje rapidamente a favor do capital.
Tornou-se mais comum trabalhar sem limite horário, até trabalhar de graça para depois ser (talvez) contratado. O trabalho desvalorizou-se agora em toda a Europa para salvar os bancos, num recuo preparado por décadas de doutrinação em que se passou como "natural" o paradigma do emprego temporário, do contrato à hora, da precariedade e do despedimento instantâneo."
Ricardo Alves (jornal i 7-5-20129