segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eleições na Grécia e sua repercussão na Europa


O povo grego é soberano e decidiu castigar os dois partidos que têm alternado o seu parlamento há décadas (tal como aqui os portugueses só votam em dois há décadas) e que o conduziram aquela calamidade (tal e qual como aqui) e que fizeram? varreram os partidos da troika. Que significa isto? Os gregos não suportam mais a austeridade!
Os mercados financeiros estão furiosos e ameaçam baixar-lhes o ranking para bancarrota.Que medo! Que medo da ditadura dos mercados que foi o que nos levou a esta situação!
Mas que raio de ameaça! Não chega mais de roubar não? Os gregos estão fartos de mentiras, de ser humilhados pelos alemães (que chegaram a sugerir que os gregos lhes vendessem as suas ilhas e subjugados à vontades dos mercados essas personificações do demónio financeiro moderno, estão fartos de serem sugados, estão fartos de verem o seu país destruído e não acreditam mais nas histórias da craochinha do FMI, BCE e UE...até agora só têm ficado pior.
O povo grego pronunciou-se: não querem mais austeridade nem especuladores, chega de roubo!
Mas preferem continuar na União Europeia e no Euro...é preciso uma nova Europa!
O que se depreende é que os gregos usaram o poder do voto para se vingarem nos políticos responsáveis pelo actual estado calamitoso do país e provocaram uma revolução cujas consequências ainda estão por apurar...em boa verdade até correm o risco de ter de repetir eleições porque os gregos não se entendem em matéria de governação pois não houve maioria absoluta e os partidos que se podem coligar não querem.
No entanto, dos 9,9 milhões de eleitores registados, apenas 34,91% foram votar...um recorde de abstenção histórico! 
A esquerda radical radical Syriza é a 2ª força política e tem como lema: "não pagamos" e defendem o cancelamento imediato de todas as medidas que empobreçam ainda mais os gregos e ponham em causa os direitos laborais e propõem a investigação aos bancos gregos e a publicação da auditoria feita ao sector bancário.
Mas ascenderam pela 1ª vez ao parlamento grego dois partidos de ascendência xenófoba como os "gregos independentes"e o partido neonazi "amanhecer dourado" que têm como prioridade infernizar a vida dos imigrantes na Grécia, pôr minas na fronteira com a Turquia e retirar o direito de voto e impedir o acesso a cargos públicos de todos os que mesmo tendo nascido na Grécia não sejam filhos de gregos.  O slogan do partido é inclusive "vamos livrar esta terra dos imundos"!
(um pequeno aparte a Alemanha está a enviar convites a descendentes germânicos para regressarem às origens...)
Esta chegada ao parlamento grego de um partido neonazi e outro com uma agenda claramente xenófoba demonstra que as forças políticas estão a ganhar terreno no Velho Continente. E não deixa de ser irónico que um partido grego que se propõe romper os ditames da troika que impõe os interesses germânicos é ao mesmo tempo o partido que perfilha uma ideologia alemã que pensávamos já ter perecido perante os horrores da guerra de há 7 décadas atrás...
Mas de facto, infelizmente, a extrema-direita é uma força em ascensão na Europa, quer em França com os Le Penn e Sarkozy contra os imigrantes e ciganos e muçulmanos, quer nos países nórdicos que sempre tiveram a fama de "não gostarem de misturas" englobando todos quer da Dinamarca, à Suécia, à Finlândia (com a ascensão de um partido de seu nome "verdadeiros finalndeses" sendo a Finlândia um país anti-imigração assumido) quer na Noruega onde um louco anti-imigração matou 77 pessoas que defendiam ideologias de esquerda e outros tantos também sem culpa nenhuma ou relacionados com política...
Mikis Theodorákis, compositor e político grego já nos tinha alertado para isto quando disse:
"Se os povos da Europa não se levantarem, os bancos trarão o fascismo de volta"



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